quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Porque só Assim se Ama

"To love at all is to be vulnerable. Love anything and your heart will be wrung and possibly broken. If you want to make sure of keeping it intact you must give it to no one, not even an animal. Wrap it carefully round with hobbies and little luxuries; avoid all entanglements. Lock it up safe in the casket or coffin of your selfishness. But in that casket, safe, dark, motionless, airless, it will change. It will not be broken; it will become unbreakable, impenetrable, irredeemable. To love is to be vulnerable."

C.S. Lewis (The Four Loves)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

I Hope

Red: [narrating] I find I’m so excited, I can barely sit still or hold a thought in my head. I think it’s the excitement only a free man can feel, a free man at the start of a long journey whose conclusion is uncertain. I hope I can make it across the border. I hope to see my friend and shake his hand. I hope the Pacific is as blue as it has been in my dreams. I hope.

The Shawshank Redemption

Adoro raramente ter dúvidas e nunca me enganar(...nem que seja nas intenções e motivações dos eleitores)

Abaixo a modéstia, nem o Marcelo - que sobre tudo tem opinião e projecção - conseguiu antever com tanta precisão os resultados do passado Domingo.
Sem a presunção de ser capaz de analisar o significado dos votos nulos(86.543 votos), ou os votos brancos(191.159 votos), ou ainda os votos obtidos pelo Coelho(189.340 votos), o reeleito Presidente da República obteve a confiança de quase 1/4 dos portugueses(2.230.104 votos), que segundo a Constituição têm capacidade electiva. Era capaz de dizer que Luis Filpe Vieira tem maior representatividade(6.000.000 de benfiquistas) e o próprio Presidente Leonino(4.000.000 de sportinguistas) - números que me deixam sempre dúvidoso quanto ao número de portistas que possam existir, sobretudo tendo em conta o número de portugueses - mas deixemos isso para outras ocasiões.
A verdade, e é com infelicidade que tenho - agora sim - a modéstia de o reafirmar - é que tal como tinho escrito há uns dias atrás, o inquilino da Casa de Belém suscista nos portugueses menos apoio que o ex inquilino da Secret Story.
Mas para além da legitimidade do agora reeleito Presidente(que reconheço!) ou da legitimidade do acto que o reelegeu(que aceito!) ou do processo que levou à sua reeleição(que dúvido!), reflito sobre outras legitimidades...
Sobre o agora Presidente já nada tenho a considerar, mas já sobre o homem da ilha fico com algumas interrogações.
Coelho foi candidato contra o Jardinismo(essa concepção politico.ideologica que marca a segunda metade do século XX madeirense), mas consegue ganhar em concelhos onde o criador dessa mesma concepção ganhou com maioria absolutissima(quase comparável aos resultados do Saddam, isto sem querer ferir a democracia da autonomia). Não sei porquê, mas fico quase ou tanto confuso acerca das legitimidades.
Tal como referi no texto do "António", faz parte da crise? Só assim aceito!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Foi só o Susto

Pensei que estávamos num país em crise, com necessidade de novas pessoas, novas ideias, uma lufada de ar fresco.

Afinal estava tudo bem. Foi só o susto.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Deixar que Sejas

"That’s what real love amounts to - letting a person be what he really is. Most people love you for who you pretend to be. To keep their love, you keep pretending - performing. You get to love your pretence. It’s true, we’re locked in an image, an act - and the sad thing is, people get so used to their image, they grow attached to their masks. They love their chains. They forget all about who they really are."

Jim Morrison

A Propósito de uma Eleição Presidencial



Souljazz Orchestra - Mista President

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Afeição...


"I will miss of the person the most mundane things. Like I’m obsessed with little things. Maybe I’m crazy but… when I was a little girl, my mom told me that I was always late for school. One day she followed me to see why… I was looking at chestnuts falling from the trees rolling on the sidewalk, or ants crossing the road… the way a leaf cast a shadow on a tree trunk… little things. I think it’s the same with people. I see in them little details, so specific to each of them, that move me, and that I miss, and… will always miss."*

A sala está escura, o sofá vazio e a caixa de chocolates está no preciso sitio onde a deixámos na noite passada...

O despertador toca à mesma hora do dia anterior...
Todos os dias fazemos os mesmos caminhos, as mesmas rotinas... Todos os dias calcorreamos as mesmas pedras da calçada, desviamo-nos das mesmas pessoas nas mesmas esquinas, e sentimos os mesmos cheiros saídos das mesmas portas...

São 10 horas da manhã e lá está ela... passou por nós agora mesmo, descendo apressada a Rua de Ceuta para depois virar para o Almada... a senhora do cachecol amarelo às segundas e do vermelho às terça-feiras... Sorrimos em jeito de cumplicidade... Afinal, partilhamos aquele segredo só nosso... o segredo de nos cruzarmos no mesmo sitio, à mesma hora, todos os dias...

Distraídos, quase que tropeçamos naquela pedrinha solta ali no passeio da Praça Filipa de Lencastre, bem debaixo da primeira árvore contando quem sobe dos Aliados... O eléctrico para o Carmo está agora a subir a rua, conseguimos ouvi-lo nos carris... Parará lá em cima no topo, bem na esquina com José Falcão, para dar tempo aos turistas de espreitar para a montra da livraria...
Se acelerarmos o passo, talvez ainda o apanhemos para um relance...

A timidez disfarçada pela mão na cara, o jeito como os olhos sempre semicerravam em proporção directa ao alargamento do sorriso, como a nuca assumia aquela forma triangular bizarra e como as gengivas ganhavam cor quando gargalhava...

A luz acende-se... a caixa de chocolates já lá não está...


* Before sunset

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Honestidade Intrínseca



O Professor Cavaco Silva, candidato à Presidência da República Portuguesa, disse num destes dias e como bem lembrou o Daniel, que "os portugueses para serem mais honestos do que eu [ele], têm de nascer duas vezes. Duas vezes!".

Não tenho nada pessoal contra o Professor. Sinceramente. Não concordo com ele e julgo-o (também) politicamente responsável pelo actual estado em que o país se encontra. Nada mais.

Não podia no entanto deixar de demonstrar a minha perplexidade com esta afirmação. Além do pretensiosismo que ela encerra, a que todavia já estamos habituados (quem não se lembra do célebre "nunca me engano e raramente tenho dúvidas"), denoto uma clara contradição. O Professor pretende fazer uso de uma característica que deveria ser intrínseca a qualquer político para dela se vangloriar, sem que, ainda segundo o mesmo, nenhum outro português o possa um dia suplantar.

Pois deixe que daqui lhe diga que a honestidade, em termos políticos e na minha modesta opinião, não deveria ser sequer considerada como uma qualidade. Deveria ser intrínseca ao próprio desempenho de funções representativas do povo português e jamais uma arma de arremesso. Se não é honesto obviamente não pode sequer ser político. É a meu ver uma falsa questão.

Infelizmente o mundo político actual está tão mau, que quando aparece alguém que passa a ideia de que é de facto extremamente honesto (ser só honesto já não basta sequer) todos elogiam, batem palmas e fazem questão de sublinhar essa qualidade. Qualidade?! Então não era suposto?!

Enfim, eu sei que é tarde mas vou acabar com um exemplo ilustrativo do que pretendo dizer: imaginem-se numa marquesa, prestes a serem operados. Aparece o médico e diz: "sabe, eu tenho o curso de medicina". Perguntam de certeza: "então e não era suposto?!".

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Esse estranho século XX"

"É extraordinário quanto eu sinto falta de Alberto...
Estou sempre me virando para lhe dizer algo, e então percebo que ele não está mais comigo...
Caracas estende-se por longo e estreito vale, que a confina e limita lateralmente, de maneira que não se pode ir muito longe sem ter de subir os montes que a circundam. Ali, com a cidade agitada sob seus pés, pode-se perceber uma nova característica de sua feição heterogénea. Os negros, aqueles exemplos magníficos da raça africana que conservaram sua pureza racial por não possuírem afinidade alguma com qualquer tipo de miscigenação, viram o seu espaço ser invadido por um novo tipo de escravo: o português. E assim, as duas antigas raças agora dividem uma experiência comum, repleta de disputas e querelas. A discriminação e a pobreza as unem na batalha diária pela sobrevivência, mas suas diferentes atitudes com relação à vida as separam completamente: o negro é indolente e perdulário, gasta seu dinheiro com frivolidades e bebida; o europeu tem uma tradição de trabalho e economia que o acompanha até este canto da América e o empurra para a frente, independentemente de suas próprias aspirações individuais"*


* Caracas, Setembro de 1952, Ernesto Guevara, De moto pela América do Sul...

Um oásis na porta da Serra da Estrela


Alambique de Ouro

Se um dia andarem por aqueles lados, aconselho vivamente!

Extraordinária qualidade, preço acessivel.

Parecia-se com um ser humano...

Voltou ontem a ser exibida num dos canais mais mediáticos da televisão portuguesa a mini-série "A vida privada de Salazar - As paixões e os Amores". E assim, e ao contrário do que provavelmente pensaria a maioria dos portugueses, ficamos a saber que Salazar era um ser humano parecido com tantos outros: tinha vida privada, afectiva, sonhava, amava...nada que o perfil do Ditador pudesse mostrar.
Com esta mini-série ficamos ainda a saber que Salazar - o "cupido de Santa Comba Dão", tal como o caracteriza a sinopse desta série, – não só teve vários amores e paixões como prolongou até bem tarde(na idade, pois claro!) a sua actividade sexual, forjando até a normalização do acto tantas vezes pedida pelo seu amigo Cerejeira.
Como ninguém quer saber da história politica contemporânea portuguesa para nada, e como nas escolas é tão difícil explicar às crianças que afinal Salazar não foi bem um Ditador(porque a moiria dos pais dos alunos viveu no regime), ou que o Estado Novo não adquiriu todas as características de um regime fascista, tal como o concebeu Mussolini, nada melhor que contar a vida do Ditador através da perspectiva humanizada do homem.
E assim se procura “re”escrever mais um capítulo da nossa história contemporânea, introduzindo na ficha de identidade de Salazar (o homem que era tão necessário para endireitar as finanças que até me faz lembrar um discurso parecido nos dias que correm sobre um outro homem tão sério, tão sério, que cada português precisaria de nascer duas vezes para atingir tanta seriedade) os distintivos mais desconhecidos do homem que afinal também tinha sentimentos.
Mas por mais estórias que nos contem, Salazar foi um Ditador de um regime fascista que perseguiu, torturou, matou! Um regime que apregoava a miséria feliz, na qual uma sardinha bastava para uma família bem portuguesa. Faltam-nos séries que contem esta outra História! A que interessa como lição para o futuro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Música para o Verão (que saudades...)



Kid Cudi ft. Rostam Batmanglij (Vampire Weekend) ft. Bethany Cosentino (Best Coast) - All Summer

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Apontem Mais Este



Biutiful

Ausência enroscada...

"Alguém falou da tristeza e do vazio do olhar dos animais. Vi a tristeza, em certos momentos, no olhar do cão. A tristeza de quem quer chegar à palavra e não consegue. Mas não vi o vazio. O vazio está talvez nos nossos olhos. Quando por vezes nos perdemos dentro de nós mesmos. Ou quando buscamos um sentido e não achamos.
O cão sabia o sentido, o seu sentido. E nunca se perdia."*

* Manuel Alegre, Cão como nós.

Para a minha Fazedora, por ter tornado real a "regra dos três", e por ter feito retornar a mim um dos melhores livros de sempre... Cautela vencedora...

Consciência Pesada (*)

Um casal estava a dormir profundamente como inocentes bebés.
De repente, pelas três horas da manhã, escutam ruídos fora do quarto.
A mulher acorda sobressaltada e diz para o homem:
- Aaaaaiiiiiii, deve ser o meu marido!!!
O Homem levanta-se espantadíssimo e, todo nu, salta como pode pela janela e cai em cima de uma planta com espinhos.
Em poucos segundos volta e diz:
- Olha lá sua desgraçada, o teu marido sou eu!!!
- Ai é?! Então saltaste da janela porquê?

(*) O título do post tem direitos de autor.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Bom Garfo

Se um dia estiverem a passear por uma das mais belas zonas do país, Belém (Lisboa), aproveitem para se sentar um pouco e deliciarem-se com as iguarias do "Coisas de Comer".

Aproveitam o dia para visitar todos os monumentos (Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos) e museus (Museu dos Coches, Centro Cultural de Belém) que por ali se podem encontrar e a poucos metros de distância, lancham os famosos Pastéis de Belém e no fim do dia retemperam energias com "Coisas de Comer".

O espaço é muito agradável (pequeno mas acolhedor), têm um serviço impecável, o preço é em conta (lembrem-se, estão em Lisboa) e não podia deixar de elogiar e recomendar um dos melhores cheesecake que alguma vez comi (sim, confesso a predilecção por cheesecakes...).

Quem é amigo, quem é?!

sábado, 8 de janeiro de 2011

O dia em que decidimos deixar de gostar…

Hoje, em conversa com uma amiga, ocorreste-me

Confesso que, já não me lembro da última vez em que me havias ocorrido…

Na conversa, debatíamos o dia em que decidimos deixar de gostar, o dia em que simplesmente optamos por não fazer, por não ir, por não tentar… Olhamos, sentimos, analisamos e decidimos ficar… Esperar que aquele comboio passe, e entrar apenas no próximo, naquele que pacatamente nos leve onde temos de ir sem grande turbulência, sem grande agitação, sem grande risco…

De quando em vez, tenho vontade de abrir a caixa de música e deixar-me ficar a ver a bailarina dançar… Associei-te à minha caixa de música e não mais a abri…

Gostava tanto daquela música…

Em pequena, ficava horas a olhar para os movimentos circulares da bailarina e, sei que, se a (re) abrisse, o encanto voltaria… Talvez por isso, a deixe ficar assim, na prateleira da estante junto ao livro com a estória de encantar preferida…

Hoje, debatemos se é, ou não, possível escolher o momento a partir do qual não mais queremos gostar de alguém… Ora, quero gostar de ti… Ora, já não…

Aperta-me o coração quando penso na bailarina de quem decidi deixar de gostar e abandonar na companhia da senhora que encolhe

Apetece-me ir buscá-la, mas, e se a deixo cair?

Já não me recordo de não me ocorreres todos os dias um bocadinho… Quando me cruzo contigo, no café onde tomo o pequeno-almoço, e tu és aquele senhor idoso que lê o jornal sentado na mesa do canto; quando, como transeunte, me perguntas as horas na rua; quando vestes a pele do individuo com óculos de haste grossa e camisola às riscas para quem olho, pelo canto do olho, na livraria… Ou, então, quando quero ver a bailarina dançar e escolho não o fazer...


A Bailarina feita de Trakinas de morango...


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pergunta do Dia

Who do you live for?



Restless (2011), Gus Van Sant.

Continuo a Preferir "O Amor"

"(...) O verbete «amor» fala em emoção, estética, ideologia, doença, e nada disso interessa agora mas apenas o amor em concreto, corpos, cortinas, cheiros, cães, o amor que com ou sem aspas mostramos aos outros para que acreditemos também (...). O amor é um vício, uma gangrena, faz mais falta um amor concreto, hábitos, fotos, impostos, torneiras, é contra o amor que o amor concreto triunfa (...) Que importam as tuas escaladas, os teus mergulhos, que tristes acrobacias são essas, que escusado espectáculo, quando eu dou (diz o amor concreto) a desculpa, o descanso, os domingos? O amor perdeu porque é seu costume, saiu para a rua com a roupa errada, enquanto o amor concreto trouxe agasalho, é prudente e precavido, tem botões, chaves, ferramentas. O amor diz que ama mas desconhece o tempo e o tédio, é por ser banal que o amor concreto o humilha, não há amor mais forte que o amor em concreto, o amor que te toca, protege, exaspera, o que é o amor ao pé disso, simples hipótese rabiscada num guardanapo, devaneio de asténicos, vida alternativa. Vinhas com os teus exércitos, amor, mas foste dizimado, o amor em concreto é o único (...)."

Pedro Mexia.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

2011...

... o ano da violação do Princípio da Progressividade Irredutível.

E por hoje chega que vou dormir.

N.B. - um dia explico.

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência - Parte um...

"Inaugurações (1)

O Chefe estava nervoso. Andava de um lado para o outro.
- Nada para inaugurar, nada! Estes homens não fizeram uma única cadeira. Não há nada para inaugurar!
- Nem uma agulha, Chefe.
- Nem uma agulha para inaugurar - murmurou o outro Auxiliar. - Nem uma agulhinha!
- Nem uma assim - insistiu o Primeiro Auxiliar, juntando, expressivamente, o polegar e o indicador. - Nem uma assim! Assim!
- Nada!
Os dois Auxiliares estavam como que hipnotizados por aquela lengalenga.
- Nem o buraco de uma agulha se fez!
- Nada. Nem um buraco.
- Nem metade de uma agulha.
- Nem metade do buraco de uma agulha.
- Nada, nada!
- Basta! - gritou o Chefe. - Já não vos posso ouvir!
- Nós calamo-nos, Chefe.
- Tive uma ideia - exclamou, subitamente, o Primeiro Auxiliar.
- Bravo!
- A minha ideia é a seguinte: o Chefe já alguma vez veio a esta terra desagradável, friorenta, deserta, nojenta até, sob certo ponto de vista, mas tão prometedora?
- Eu? Claro que não. Você é louco?
- Ora aí está!
- O que é que está?
- Podemos inaugurar a sua presença nesta terra. É a primeira vez que o Chefe vem a este espaço. Isso não é extraordinário?
- Começo a gostar da ideia. E faz sentido.
- Nunca mais se fará nada de tão importante nesta terra!
- Não seja exagerado - murmurou o Chefe, enquanto quase se afogava de contentamento no seu próprio queixo.
- Talvez seja, então, de um de nós inaugurar a presença de Vossa Excelência nesta terra, Chefe. Que lhe parece?
- Eu mesmo vou inaugurar a minha presença nesta terra!!
- Não é fácil - disseram os dois Auxiliares em coro. - Inaugurar e ser a coisa inaugurada ao mesmo tempo...
Foi então que, levantando vigorosamente o queixo em direcção ao céu, o Chefe respondeu, de uma vez:
- Sou um homem que gosta de enfrentar as dificuldades.
E era, de facto..."*

*Gonçalo M. Tavares, O Senhor Kraus.

Manobras de diversão...hum

Parece que aconteceu esta semana, que é novo, mas não! Tem meses, anos. E além do mais, essa não é a questão essencial.Nos últimos dias, e ainda bem, o caso do BPN foi introduzido no debate para as eleições presidencias (caso assim não fosse, a comunicação social não diria outra coisa até o fim da campanha senão que Cavaco ganhará com maioria absoluta e que os outros candidatos, atacam, dirigem farpas, etc, etc, ao ainda Presidente).Apesar de nenhum comentador, órgão de comunicação social, ou outras romarias que por aí andam, referirem quem e porquê introduziu o BPN nas eleições presidenciais, tudo agora gira em torno do assunto, mas em formato entretenimento, em que sobressai uma espécie de presa e predador, vitima e culpado, nada para que o exemplo em causa possa servir de lição para o presente e para o futuro.O debate está enviesadamente colocado.O problema não são os aspectos jurídicos, mas sim políticos. O problema não é se a lei foi ou não cumprida, pelos menos para o debate em causa, para as eleições presidenciais. O problema é somente político.
É este um exemplo em que os interesses económicos se sobrepuseram aos interesses políticos, aos interesses de Portugal? É a única questão que pode ser colocada neste âmbito. E se tencionamos continuar a querer que isto aconteça ou não!? Tudo o resto é fait-divers.
À política o que não é da justiça, pelos menos nem que seja aqui!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Memo para o Ano mais Insultado da História

"In the middle of great difficulty lies opportunity."

Albert Einstein.

A reflectir sobre as confusões da/na história, assaltou-me Brecht...

Perguntas de um Operário Letrado
Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sózinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas

Bertold Brecht

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Bandarilhas de esperança...

Ontem à noite, enquanto fazia o tão habitual zapping pelos canais de televisão, fui parar à RTP 1 que transmitia, nessa altura, o mais recente concerto de Fernando Tordo no Coliseu dos Recreios, acompanhado da Stardust Orchesta.
E foi então que, sem me aperceber, me apercebi... veio de mansinho como quem entra sabendo que não é convidada e produziu, em mim, a contraditória sensação de estar a viver um momento que não me pertence... foi como se tivesse estado lá, naquele mesmo espaço, há trinta e oito anos atrás e esta fosse a minha primeira vez...

Não consigo expressar melhor o impacto que senti ao ouvir aquela música assim, nem, tão-pouco, o que tornou esta vez diferente das vezes anteriores, por isso aqui a deixo com o meu pedacinho preferido...

Bem haja Fernando pelo que fez, por quem é, e pelas emoções adormecidas que, em mim, acordou ontem.

"Com bandarilhas de esperança

afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.

Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça."



Sérgio Godinho & Clã - Dancemos no mundo

Os Economistas...

... são os advogados do século XXI.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Será um prenuncio para 2011? ou faz parte da crise?

“Ganhou o António!” foi provavelmente das frases mais entoadas no primeiro dia do novo ano. “Só lhe queria o dinheiro e a fama” poderá ter sido a segunda frase mais vezes repetida.
E assim se lembrava a noite da passagem de ano, sempre marcante para qualquer um, inesquecível, na qual se fazem profecias, se idealizam as conquistas do ano em que entramos, se reformulam – ou pelos menos se tenta – hábitos de vida – um pouco mais honestos.
A grande maioria dos portugueses fizeram tudo isto a ver a “Secret Story”, um dos programas mais vistos de sempre da televisão portuguesa, uma verdadeira obra-prima do entretenimento nacional. E assim, todos ficaram a saber que quem ganhou a primeira edição – portuguesa – da “Casa dos Segredos” foi o António, que arrecadou 43% das votações do público, alcançando provavelmente uma votação mais expressiva do que qualquer outro candidato, que não seja Cavaco Silva, conseguirá nas eleições presidenciais de 23 de Janeiro. É mesmo possível que tenham havido mais portugueses a votar para o vencedor da “Casa dos Segredos” do que os que votarão no próximo inquilino da “Casa de Belém”. “António” é ao mesmo tempo o nome que une o vencedor da “Casa dos Segredos” e o actual Presidente da República, sendo que é também o que os separa, já que o segundo – mais introvertido – faz por não se saber muito deste seu segundo nome.
Mas quando atiço com o prenúncio, não quero fazer paralelismo com qualquer acto eleitoral, antes ficar preocupado. Muito preocupado! Entramos em 2011 a tentar saber quem ganharia a “Secret Story”, a viver o voyeurismo no seu mais esplendoroso conceito. Faz parte da crise? Só assim aceito!

domingo, 2 de janeiro de 2011

2 days in Paris...

Há uns tempos, numa tarde de domingo em que ameaçava chover na cidade do Porto, vi um filme cuja cena final não mais me saiu da cabeça... De quando em vez, vem-me à memória e penso em como é fácil identificarmo-nos com algo dito por um estranho... talvez por isso, optei por o colocar aqui em jeito de recomendação e de reflexão, num dois em um um tanto ou quanto aldabrado...

"It always fascinated me how people go from loving you madly to nothing at all, nothing. It hurts so much. When I feel someone is going to leave me, I have a tendency to break up first before I get to hear the whole thing. Here it is. One more, one less. Another wasted love story. I really love this one. When I think that its over, that I’ll never see him again like this… well yes, I’ll bump into him, we’ll meet our new boyfriend and girlfriend, act as if we had never been together, then we’ll slowly think of each other less and less until we forget each other completely. Almost. Always the same for me. Break up, break down. Drunk up, fool around. Meet one guy, then another, fuck around. Forget the one and only. Then after a few months of total emptiness start again to look for true love, desperately look everywhere and after two years of loneliness meet a new love and swear it is the one, until that one is gone as well. There’s a moment in life where you can’t recover any more from another break-up. And even if this person bugs you sixty percent of the time, well you still can’t live without him. And even if he wakes you up every day by sneezing right in your face, well you love his sneezes more than anyone else’s kisses.”*

* 2 days in Paris, filme Franco-Alemão, realizado por Julie Delpy.

Para Começar o Ano...

... cinematográfico da melhor maneira recomendo:



N.B. (um dia explico porque não "P.S.") - gosto muito do cinema francês.

sábado, 1 de janeiro de 2011

O Primeiro (de Muitos)

No primeiro dia deste novo ano, o primeiro post deste novo blog.

Festas da Vila é uma ideia de três amigos de longa data, unidos pela geografia, por prolongados almoços, por sonhos, ideias e ideais, gostos, tertúlias e conversas que fazem com que o tempo se consuma sem que por isso se dê conta.

Pretendem aqui na blogosfera partilhar acontecimentos nos quais tropeçam e atenuar as saudades motivadas pela distância e pela correria do dia-a-dia.

Àqueles com quem tivermos o prazer de caminhar em conjunto nesta pequena aventura cibernáutica, só podemos esperar que gostem e que possamos contribuir para muitos bons momentos.

Os Autores.